quarta-feira, 10 de julho de 2013

NE atrai mais trabalhador estrangeiro que o Sul

O crescimento econômico e a atração de investimentos privados colocaram o Nordeste como a segunda região mais procurada por estrangeiros que, cada vez mais, buscam trabalho no Brasil. Italianos em Pernambuco, sul-coreanos no Ceará e egípcios em Sergipe - os "sergípcios" - são apenas alguns exemplos do aumento do número de imigrantes no Nordeste, região que, em 2012, ultrapassou o Sul na preferência dos estrangeiros.

Dados do Ministério do Trabalho revelam um crescimento de 310% entre 2010 e 2012 no volume de vistos concedidos a profissionais com destino ao Nordeste. No mesmo intervalo, a média nacional avançou bem menos: 21%. Em números absolutos, a região atraiu no ano passado 4.635 trabalhadores, superando o Sul, que recebeu 3.553. O Sudeste, contudo, segue muito à frente das demais regiões, com 57.573 vistos de trabalho concedidos em 2012.

A esmagadora maioria dos estrangeiros chega para trabalhos temporários. Alguns, no entanto, decidem ficar. O contador mexicano Rafael Solana, de 34 anos, desembarcou há quatro em Pernambuco. "Jamais tinha ouvido falar do Recife, só de São Paulo e do Rio", admitiu ele, que veio para trabalhar na operação brasileira do grupo Salinas, do bilionário mexicano Ricardo Salinas. Atraído pelo aumento do poder aquisitivo da população nordestina, o grupo fincou raízes em três Estados da região, com um banco e uma rede varejista de eletrodomésticos.

Em fevereiro deste ano, já casado com uma brasileira, Solana deixou o Salinas para empreender. Montou uma pequena empresa de transportes e uma loja de bordados. "Aqui tem muita oportunidade para fazer dinheiro. Além disso, o clima e comida são muito bons. Já disse para amigos mexicanos virem para cá", contou o agora empresário, que não tem planos de regressar à terra natal.

Segundo Ana Catarina Mousinho, sócia da consultoria Emdoc, especializada em expatriados, além do desenvolvimento da indústria local e da chegada de multinacionais, a perspectiva de melhor qualidade de vida é um dos fatores que têm levado profissionais estrangeiros ao Nordeste. A Emdoc, que tem sede em São Paulo, inaugurou em janeiro último, no Recife, a sua filial nordestina. "Não dava mais pra atender essa demanda a distância", justifica Fabiano Kawai, outro sócio da empresa.

Ele aponta o setor de energia eólica como um dos principais responsáveis pelo desembarque de estrangeiros, especialmente espanhóis, no Nordeste. Com o melhor potencial de ventos para esse tipo de geração, a região passou a receber investimentos não apenas em parques eólicos, mas também na fabricação de equipamentos, como pás e torres.

A instalação da fábrica da Fiat tem atraído italianos e americanos para Pernambuco. No Estado há também japoneses trabalhando na indústria naval. A siderúrgica de Pecém, sociedade entre a Vale e as coreanas Dongkuk Steel e Posco, criou uma pequena comunidade asiática no Ceará, enquanto egípcios trabalham na exploração de petróleo no litoral de Sergipe.

Kawai também chama a atenção para a expansão no número de imigrantes, especialmente europeus, dispostos a empreender na região. Ainda de acordo com o Ministério do Trabalho, os investidores pessoa física estrangeiros aplicaram quase R$ 150 milhões no Nordeste em 2012, montante que supera, inclusive, o Sudeste, onde R$ 115 milhões foram aportados.

"São muitos investidores de países como Espanha e Portugal. Pessoas com alguma reserva financeira e que, com medo da crise, enxergam boas possibilidades por aqui", disse Kawai. O efervescente setor imobiliário nordestino é um dos preferidos desses investidores, que estão prospectando áreas nas regiões metropolitanas das capitais para a construção de empreendimentos residenciais e comerciais.

Fonte: Valor Econômico

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